Lucia Santaella
Lucia Santaella
Maria Lucia Santaella Braga (Catanduva, São Paulo, 1944), é uma das pesquisadoras brasileira pioneiras na área da semiótica e da metodologia da ciência, com uma obra que oferece uma base teórica amplamente adotada nos cursos de comunicação do país. É considerada uma grande difusora do pensamento do filósofo inglês Charles S. Peirce (1839-1914) no Brasil.
"Quando alguma coisa se apresenta em estado nascente, ela costuma ser frágil e delicada, campo aberto a muitas possibilidades ainda não inteiramente consumadas e consumidas. Esse é justamente o caso da Semiótica: algo nascendo e em processo de crescimento. Esse algo é uma ciência, um território do saber e do conhecimento ainda não sedimentado, indagações e investigações em progresso. Um processo como tal não pode ser traduzido em uma única definição cabal, sob pena de se perder justo aquilo que nele vale a pena, isto é, o engajamento vivo, concreto e real no caminho da instigação e do conhecimento. Toda definição acabada é uma espécie de morte, porque, sendo fechada, mata justo a inquietação e curiosidade que nos impulsionam para as coisas que, vivas, palpitam e pulsam". Essa foi a resposta de Lucia Santaella quando foi questionada sobre o que é semiótica.
Em seu livro, Lucia Santaella explica sobre o conceito do processo do conhecimento. Ela divide esse processo em três etapas: primeiridade, segundidade e terceiridade.
Santaella dá a seguinte explicação sobre primeiridade: “O que é o mundo para uma criança em idade terna, antes que ela tenha estabelecido quaisquer distinções, ou se tornando consciente de sua própria existência? Isso é a primeiridade, presente imediato, fresco, novo, iniciante, original, espontâneo, livre, vivido e evanescente.” (pag.29 do livro o que semiótica), ou seja, para ela a primeiridade se consiste no novo, quando por exemplo, lemos um livro e não entendemos nada, isso significa que aquilo é o novo.
Já a secundidade se baseia na seguinte explicação: “O simples fato de estarmos vivos, existindo, significa, a todo momento, consciência reagindo em relação ao mundo. Existir e sentir a ação de fatos externos resistindo à nossa vontade. É por isso que, proverbialmente, os fatos são denominados brutos: fatos brutos e abruptos”. De acordo com ela a secundidade está relacionada com a primeiridade, sendo um tipo de sequência, ou seja, é quando você lê um livro e começa a entender o conteúdo, por exemplo.
Por último, mas não menos importante, ela refere-se a terceiridade que também tem relação as outras duas etapas: “O significado de um pensamento ou signo é um outro pensamento. Por exemplo: para esclarecer o significado de qualquer palavra, temos que recorrer a uma outra palavra que em alguns traços, possa substituir a anterior” (pag.32). Que é quando por exemplo você lê um livro e entende todo ele, isso acontece quando você já tem o conhecimento, isso é a terceiridade para Lucia Santaella.
Seguindo com as definições, em seu livro ela define signo da seguinte forma: “É uma coisa que lembra outra coisa”, ou seja, é tudo que nos faz lembrar de algo que é perceptível aos nossos sentidos. A filósofa representa o signo dessa maneira: Representamen que é a parte perceptível do signo, Objeto é a coisa propriamente dita, já o interpretante é aquilo que é criado na mente de quem vê o signo. Na página 35 ela ainda diz: “O signo não é objeto, ele apenas está no lugar do objeto. Portanto, ele só pode representar esse objeto de um certo modo e numa certa capacidade. Por exemplo: a palavra casa, a pintura de uma casa, o esboço de uma casa, um filme de uma casa, a maquete de uma casa ou mesmo o seu olhar para uma casa, são todos signos do objeto casa, o significado de um signo é outro signo”. (pag.35)
Resumidamente, para Santaella Semiótica é a ciência de toda e qualquer linguagem, ou seja, para ela tudo o que se constitui linguagem é semiótica e a semiótica vai muito além da linguística, que se detém somente na investigação cientifica da linguagem humana, a semiótica é a ciência que tem como objeto de investigação todas as linguagens possíveis, que tem como objetivo o exame de constituição de todo e qualquer fenômeno.