Roland Barthes
Roland Barthes
Barthes defendia a aplicação de critérios extraídos da linguística, para campos mais amplos de significação da sociedade contemporânea.
Seu livro surgiu como apostila com a premissa de introduzir os conceitos de forma didática, as dicotomias saussurianas, uma vez que Saussure estava começando a ser lido. Barthes após a apresentação desses conceitos, iria propor algumas modificações necessárias no que se diz respeitos a aplicação desses conceitos a campos mais amplos de significação.
Logo em sua introdução, Barthes oferece uma famosa inversão de uma posição saussuriana, na qual a Linguística que faz parte da semiologia; A semiologia com um estudo dos signos no seio da vida social e a Linguística como estudo de um subconjunto desses sistemas de significação que é a linguagem verbal, Barthes irá se situar em uma posição deferente, ele irá inverter essa perspectiva e mostrar que é o contrário: a semiologia que se enquadra na linguística.
“(...) não é absolutamente certo que existam, na vida social de nosso tempo, outros sistemas de signo de certa amplitude, além da linguagem humana(...) qualquer sistema semiológico repassa-se de linguagem(...) de modo que ao menos uma parte da mensagem icônica está numa relação estrutural de redundância estrutural ou revezamento com o sistema da língua(...) “os conjuntos de objetos (vestuário, alimentos) só alcançam o estatuto de sistema quando passa pela mediação de língua(...) nos somos, muito mais do que outrora e a despeito da invasão das imagens, uma civilização da escrita perceber o que uma coisa significa é, totalmente recorrer ao recorte da língua”.
“Objetos, imagens, comportamentos podem significar e o fazem abundantemente, mas nunca de uma maneira autônoma: qualquer sistema semiológico repassa-se de linguagem. A substancia visual, por exemplo, confirma suas significações ao fazer-se repetir por uma mensagem linguística (é o caso do cinema, da publicidade, das historietas em quadrinhos, da fotografia, etc). É preciso admitir desde agora a possibilidade de reviver um dia a proposição de Saussure: a Linguística não é uma parte, mesmo privilegiada, da ciência geral dos signos: a Semiologia ´q que é uma parte da Linguística”.
Ou seja, a linguagem verbal faz parte da nossa própria maneira de sistematizar outros sistemas.
LÍNGUA x FALA:
“Postularemos, pois, que existe uma categoria Língua/Fala extensiva a todos os sistemas de significação”.
Barthes ressalta que não é tão fácil fazer essa distinção de língua e fala, onde língua diz respeito a uma estrutura abstrata, ao sistema e fala a todo ato individual de atualização desse sistema.
● MODA: compreende três sistemas: ESCRITO: jornal/revista de moda; língua pura: exemplo sistemático de signos e regras; grupo de decisão elabora um código; FOTOGRAFADO: estado semisistemático do vestuário; fala cristalizada; língua é inferida de um vestuário portado por um indivíduo normativo. REAL:
- língua: (1) oposições de peças, encaixes, pormenores, cuja variação acarreta mudança de sentido; (2) regras que presidem a associação das peças entre si;
- fala: justaposição de peças em um dado traje ou conjunto.
● COMIDA: apresenta mais claramente a distinção língua/fala:
- língua: (1) regras de exclusão (tabus alimentares); (2) oposições significantes (do tipo salgado/doce); (3) regras de associação simultâneas (prato) e sucessivas (cardápio); (4) protocolos de uso;
- fala: variações individuais previstas na língua.
● AUTOMÓVEL:
- língua: formas, partes e pormenores dos protótipos;
- fala: muito reduzida; poucos modelos; cor e acessórios
● MOBILIÁRIO:
- língua: (1) oposição de móveis funcionalmente idênticos, mas que remetem a sentidos distintos; (2) regras de associação no nível da peça (mobília)
- fala: variações feitas pelo usuário em uma peça e associação dos móveis entre si.
Barthes comenta que outros sistemas muito mais complexos, como cinema, televisão, publicidade, etc. Por serem sistemas conjugados.
SIGNIFICANTE x SIGNIFICADO
Esta dicotomia define o que é o signo.
Para a Semiologia significante é o material do signo, um elemento tangível, perceptível, que nos mostrará a forma escrita ou falada do signo. Quando pensamos nas letras que formam uma palavra (imagem acústica), assim como nos fonemas (manifestação fônica), estamos pensando no significante. Já significado é conceito do signo, o elemento abstrato; por meio dele conseguimos formar uma representação mental, a partir do que sabemos sobre o assunto. Quando visualizamos o signo, incluímos aspectos físicos e detalhes.
Barthes quando está fazendo essa obra, diz que não se preocupa em fazer uma sociologia dos sistemas de significativos, neste momento ele se preocupa em compreender de maneira imanente como esse sistema funciona. Mas logo percebe que não iria funcionar, já que a importância da conotação nos sistemas dos objetos é tão grande que impossibilita uma analise puramente imanente.
No exemplo da moda, essa dicotomia, segue da seguinte forma:

Sistema x Sintagma
Uma atualização da Língua(sistema) e Fala(sintagma).
No campo da moda usando como exemplo o sistema está associado aos objetos semelhantes em aparência e uso, como sapatos, calcas, etc; que podem ser combinados ou não em casos concretos, no caso do sintagma. Está associado ao campo da escolha possível.
O que seria um estilo clássico ou despojado, se não combinações possíveis de elementos disponíveis no sistema.
Outro exemplo, no campo da comida, sistema são os grupos de alimentos afins a partir dos quais se monta um certo prato. O sintagma seria a combinação real dos grupos de alimentos em um prato especifico, ou seja, o prato já feito.
Conotação x Denotação
Para Barthes, além da função utilitária dos objetos, também há a Função signo. Em ponto de visto da sua conotação; poderia se dizer que sua função utilitária diz a respeito ao primeiro sentido, o da denotação. E o segundo sentido é a respeito conotação, quando os objetos adquirem um sentido sociocultural, não apenas a sua função pura e simples, envolvendo a posição social, os gostos, a ideologia, posição política, etc.